domingo, 8 de junho de 2008

Fala do conselheiro Silvio dos Santos na prestação de contas de 02/06/2008 do Conselho Tutelar do Butantã

Boa noite. Ao tempo em que me congratulo com todos , agradecendo pela presença, quero compartilhar um pouco do que foram para mim estes últimos três anos de gestão, como conselheiro tutelar do Butantã . Tivemos uma gestão de coragem; um dos companheiros que renunciou logo no início do mandato, disse que a bordoada seria dura, mas nós permanecendo, aceitamos o desafio e procuramos fazer o melhor possível, combatemos o bom combate guardando a fé. Estes foram 3 anos de: Defender direitos de criança e de adolescentes, defender dignidade do órgão Conselho Tutelar e defender a figura do conselheiro como um cidadão não de 2ª classe, mas um Cidadão, ou seja, um sujeito da cidade, do povo com direitos e deveres no regime democrático: não foi uma tarefa simples, era necessário como se diz popularmente, matar um Leão por dia, porque se a gente bobeia, nós...o conselho, a cidade limpa. Não há atendimento de direitos satisfatórios com o aporte de uma política de higienização. Durante o tempo desta gestão, o aviltamento aos direitos fundamentais e as violações de direitos aumentaram muito, atingimos um alto patamar de violência, tanto institucional quanto das pessoas e as crianças e os adolescentes foram as maiores vitimas, alguns exemplos, o ataque do partido do crime e as retaliações contra os adolescentes e jovens pelo poder público e privado, os crimes hediondos contra crianças tenras, tanto explorados pela mídia, adolescentes mortos dento de unidade de internação e seguidas rebeliões, o crescente nº de alunos sem escola e o borbulhar das expulsões compulsórias, o baixo rendimento escolar, o rotulo de marginalidade aos pobres e favelados e a tímida oferta de políticas públicas para saúde, educação, assistência social, segurança, moradia e profissionalização. Estes foram fatos que provocaram aumento da demanda do conselho e o maior nº de representações na justiça. Nós conselheiros, não nos eximimos do dever, eu mesmo cheguei até a ser preso, por defender os direitos dos adolescentes diante de violações, não se pode esquecer que nós conselheiros, somos , temos a cara e o cheiro do povo, somamos ao sofrimento das famílias e ao clamor pela dignidade das pessoas; sempre o fizemos, ouvindo, orientando e encaminhando como está no ECA. Vivemos um tempo de crescer mas o tempo não para e o novo bate á porta, damos vivas sempre ao regime da Democracia, de minha parte quero agradecer a Deus por tornar esta gestão possível, agradecer aos companheiros que souberam me suportar, agradecer a todos que nos ajudaram a caminhar , agradecer as crianças, os adolescentes, as famílias atendidas, as instituições que encaminharam as situações ou nos atenderam nas pessoas dos seus representantes e quero terminar minha fala lembrando o poeta Gudin, na perspectiva do amanhã, “ mais só se a vida fluir sem se opor, mas só se o tempo seguir sem se impor, mas só se for, seja lá como for, _ O IMPORTANTE É QUE NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA_”

Nenhum comentário: